MULHERES E MAIÔS!

Há pouco tempo, fiz a minha peregrinação anual de tortura e humilhação para comprar um maiô.
Quando eu era criança, o traje de banho adequado a uma mulher madura era maiô para mulher com corpo de mulher madura. Reforçados, bem estruturados, aqueles maiôs não eram obras de arte, mas modelados e costurados para segurar, levantar, disfarçar, e cumpriam muito bem sua função.
Hoje, os maiôs são destinados a pré-adolescentes com um corpo esculpido em mármore, e não importa se o seu manequim é 38 ou 46, a modelagem é sempre do mesmo tamanho. A mulher com um, digamos, design maduro, tem pouquíssima ou nenhuma escolha. É claro que ela pode ir até o departamento de roupas para gestantes e experimentar um traje floral, com uma saia, e ir embora parecendo um hipopótamo que escapou da Ilha da Fantasia.
Ou, então, ela pode vagar pelo departamento de trajes de banhos comuns e tentar fazer uma escolha sensata.
Pois bem, eu vaguei pelo departamento de trajes de banho comuns, fiz minha escolha e desapareci na pequena câmara de horrores que eles chamam de provador (aliás, eu odeio espelhos de lojas; parece que estão ali para mostrar o quanto você é imperfeita perto do manequim que veste exatamente a mesma roupa na vitrine).
A primeira coisa que eu reparei no maiô foi a pouquíssima elasticidade do tecido. A lycra de que são feitos deve ter sido desenvolvida pela NASA, para lançar pequenos foguetes no espaço, usando-a como um potente estilingue.
Ah! E ainda vem com um bônus. Isso mesmo! Você pode levantar seu corpo usando a lycra como propulsor, e ainda proteger os órgãos vitais de um ataque de tubarão (se bem que os tubarões já não são tão bobos para morder uma barriga com um maiô desses e levar uma pancada violenta na mandíbula, como com um chicote).
A briga para entrar no maiô foi feroz, mas eu vibrei quando consegui colocar a última alça no lugar. Só que, quando me olhei, engasguei de horror. Meus seios tinham desaparecido. Eu achei um encolhido embaixo do meu braço esquerdo e o outro junto à minha sétima costela. É que os maiôs de hoje não têm o que chamávamos de "sustentador" para os seios.
Tentei realinhar tudo e me virei novamente para o espelho, para uma avaliação geral. Bem, tudo cabia direitinho, isto é, cabiam aqueles pedacinhos de mim que não deviam estar lá. O restante estava todo para fora, saía por cima, pelo fundo e pelos lados.
Como demorei muito para vestir o maiô, a vendedora colocou a cabeça ao redor da cortina e disse: "Oh, aí está você: todinha!". "Sim, tudo isso sou eu", respondi. "O que mais você tem para me mostrar?"
Tentei um duas peças floral, que me deixou parecida com um guardanapo gigante, preso por um aro no meio.
Lutei para entrar num de babados irregulares, com desenho de pele de leopardo, e fiquei parecendo com a mulher do Tarzã num dia difícil.
Tentei um preto, com uma rede na barriga, e parecia uma água-viva de luto. E ainda tive coragem de experimentar um cor-de-rosa inteiriço, que eu teria de me encerar inteira para vesti-lo.
Finalmente, sucesso: achei um duas-peças perfeito. Sabe onde? No departamento de roupas para ginástica. Foi barato, confortável e amistoso comigo.
Eu o comprei. Quando cheguei em casa, li na etiqueta: "material somente para ginástica, fica transparente na água".
Mas estou decidida a usá-lo. Só preciso aprender a nadar na areia!
 
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